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Minecraft: entenda como um jogo indie de empilhar bloquinhos virou sucesso mundial


Ray Zucco
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Minecraft: entenda como um jogo indie de empilhar bloquinhos virou sucesso mundial

 

Mesmo que você não seja fã de "Minecraft", é provável que já tenha ouvido falar sobre esse jogo independente que se tornou queridinho da crítica, e talvez até tenha visto algumas imagens mostrando os gráficos desavergonhadamente quadrados e se perguntado por que diabos não param de falar nesse jogo.

 

De um ponto de vista mercadológico, não param de falar porque o jogo tornou o seu criador um milionário da noite para o dia - o programador sueco Markus Persson, mais conhecido pelo pseudônimo Notch. Os games indie estão em um excelente momento, com títulos de orçamento baixíssimo e equipes de uma ou duas pessoas se tornando grandes sucessos financeiros e de venda, como "Braid", "World of Goo", "Limbo" e "Super Meat Boy". Mesmo assim, nenhum atingiu uma performance semelhante à de "Minecraft", que teve o seu desenvolvimento e ascensão retratados em um documentário.

 

Em uma época na qual os títulos AAA das grandes desenvolvedoras têm equipes enormes e orçamentos que rivalizam ou ultrapassam blockbusters hollywoodianos - em particular na verba de divulgação - "Minecraft" vendeu mais de um milhão de unidades virtuais custando praticamente só o tempo dispendido por Persson. Isso passando batido por distribuidores, se fomentando só de marketing boca a boca - ou tecla a tecla - e sem o jogo sequer sair da versão beta ainda.

 

"Minecraft" é representante da comunidade de jogos considerados indie até para os padrões dos jogos indie, que dificilmente vão dar as caras no Steam ou Xbox Live, como o "roguelike" (estilo de rpg de sobrevivência popular em freewares) com ênfase em construção "Dwarf Fortress" e "Infiniminer", referência bem direta na parte gráfica. Notch também admitiu influência de clássicos que possuem seguidores fervorosos, como as séries "Dungeon Keeper" e "Rollercoaster Tycoon". E claro que junto com o sucesso de "Minecraft" também segue uma onda de clones, como "Eden" no iPhone, "Cubelands" no PC e "Fortresscraft" no Xbox 360.

 

A jogabilidade em si é simples a ponto de ser infantil: o jogador se move com teclado e mouse como em qualquer FPS em um mundo formado de blocos de diferentes materiais, como areia, terra, madeira, pedra, carvão, ferro etc. Alguns blocos podem ser transformados e recombinados em ferramentas e itens ou reposicionados para construir desde um castelinho de areia até uma mansão. E é bom construir sim um abrigo, porque as noites e cavernas de "Minecraft" estão repletas de monstros e zumbis loucos para degustar o seu cérebro quadrado.

 

Você não pode salvar o jogo, fazer algo errado e voltar atrás em "Minecraft", o que traz uma sensação constante de perigo. Seu progresso é salvo automaticamente no último momento, portanto não há como carregar um jogo antigo após incendiar sem querer o seu querido chalé nas montanhas devido a uma lareira mal posicionada.

 

Assim como na vida dita real, burradas são para sempre também em "Minecraft". Ao morrer seus itens caem no chão e podem ser recuperados apenas se você retornar até o local em determinado tempo, portanto é bom guardar coisas mais importantes em baús para não arriscar perder tudo após levar uma flechada dos esqueletos arqueiros que também infestam as noites de "Minecraft".

 

Mais brinquedo do que jogo

 

O que diferencia "Minecraft" é justamente o que assusta alguns novatos. Ninguém lhe diz o que fazer e você não possui objetivo nenhum. Você não atinge objetivos fora aqueles que você se impõe e não desbloqueia achievements além dos que inventou na sua cabeça. Cabe ao jogador inventar os seus objetivos e tratar "Minecraft" mais como um brinquedo e menos como um jogo.

 

Você pode fabricar praticamente qualquer estrutura que imaginar apenas combinando os bloquinhos. Quer construir uma cabaninha no topo daquele pico nevado adiante? É só cortar um pouco de madeira. Quer fazer uma escada que suba até as nuvens? Viu um rochedo bacana e quer esculpir ali uma caveira gigante em homenagem à sua sogra? Vá em frente. "Minecraft" apela para aquela criatividade infantil de inventar aventuras e objetivos do nada. De curtir o ato de jogar em vez de se preocupar em completar 100% do jogo.

 

E apesar de games com gigantescos mundos abertos não serem nenhuma novidade, "Minecraft" captura como poucos a sensação de ser um explorador desbravando uma terra virgem ao invés de um jogador tentando achar os lugares interessantes que os programadores criaram. Você sente uma surpresa legítima quando está escavando e descobre um rio subterrâneo que dá em uma misteriosa caverna ou um veio de ferro para você poder fazer uma armadura melhor.

 

O algoritmo de geração de terreno de "Minecraft" forja paisagens surpreendentemente variadas, com vales, penhascos, florestas, desertos, lagos congelados, cavernas, rios, cachoeiras de lava e assim por diante. O mundo vai sendo gerado conforme o jogador se locomove - podendo atingir até oito vezes o tamanho da superfície do planeta Terra se você gastasse alguns séculos de tempo real explorando - e há ainda toda uma dimensão paralela com ares de inferno, o nether, que pode ser acessada construindo um portal de obsidiana.

 

Nem o céu é o limite

 

Empilhar cubinhos pode parecer bobeira, mas as invenções que os jogadores já construíram são impressionantes e mostram como gente grande pode se divertir com uma ferramenta tão simples. Grande parte do apelo do game é se exibir com a sua criação na internet, e toda uma comunidade foi formada em torno desse aspecto do jogo. Para se ter uma ideia da dimensão desse grupo paralelo, mais de meio milhão de vídeos sobre "Minecraft" já foram postados no Youtube.

 

A construção de grandes estruturas é a principal atividade desse perfil de jogador. Montanhas russas costumam ser os projetos favoritos, mas é possível encontrar versões em escala das pirâmides egípcias, do prédio do parlamento sueco, o Empire State Building, o Taj Mahal, o Arco do Triunfo e até recriações da Isengard de "O senhor dos Anéis", uma USS Enterprise tamanho "real" e um globo gigantesco de todo o planeta Terra.

 

Muitos outros jogos são homenageados também: há dezenas de vídeos de estátuas de personagens como Mario e Mega Man. Alguns chegam ao ponto de refazer mapas inteiros, como um da flutuante Columbia de "Bioshock Infinite", feita a partir dos screenshots de divulgação e até um mapa completo da Hyrule do clássico do SNES "Zelda: A Link to the Past". No quesito bizarrice, temos computadores de 8 e 16 bits e trilhas sonoras recriadas usando caixas de música e trilhos de pólvora, máquinas "Rude Goldberg" (no estilo das complicadas engenhocas da abertura do antigo programa "Castelo Rá-Tim-Bum") e até um sujeito que hackeou o Kinect para fazer desde um colosso de si mesmo até uma representação do seu gato fazendo estripulias dentro do jogo em tempo real.

 

Mesmo que algumas sejam feitas com editores, um dos diversos editores de mapa que existem, ainda assim é preciso grande trabalho e criatividade para criá-las. Boa parte dos jogadores, no entanto, prefere o caminho hardcore e constroem suas obras-primas de dia enquanto se escondem de zumbis à noite.

 

Multiplayer e mods

 

E se estilão lobo solitário não é muito a sua praia, saiba que "Minecraft" não só possui capacidade multiplayer, como ela o transforma em um jogo inteiramente diferente. Você pode se aliar a amigos para construir monumentos particularmente faraônicos ou deixar que jogadores estranhos entrem para colaborar- ou destruir - suas estruturas. Até no multiplayer o jogo segue sua tradição minimalista e pouco receptiva a novatos. Nada de salas pré-jogo ou facilidades do matchmaking moderno por aqui. Você precisa caçar manualmente os números de IP dos servidores nos buscadores ou nos fóruns do jogo. Quem quer criar um jogo ao invés de ingressar em um tem mais problemas ainda, e precisa basicamente montar um servidor com um pacote de programas para que outros possam se conectar ao seu mundo.

 

Isso torna a experiência mais irregular do que em outros jogos, nos quais as sessões multiplayer costumam ser semelhantes de um dia para o outro ou de um servidor para o outro. Encontrar um servidor com construções interessantes e/ou bem frequentado muda tudo. É de certa forma uma sensação "Chatroulette", você pode encontrar um mundo criativo que te deixa de queixo caído habitado por gente bacana ou um antro de griefers psicopatas. O curioso é como essa característica acaba criando uma espécie de "patriotismo" entre os frequentadores de um servidor favorito, que não raro se unem para banir aquele espertinho que está secretamente destruindo o trabalho dos demais.

 

O uso de mods é muito mais fácil que o multiplayer, já integrado ao menu principal, e diversas modificações já foram criadas pela comunidade. De pacotes que mudam as texturas ou as melhoram para HD, que modificam parâmetros da geração de terreno, que permitem o uso de alquimia, plantio e domesticação dos animais do jogo, novas ferramentas, inimigos e veículos. Claro que elas têm níveis diferentes níveis de sucesso, mas impressiona a quantidade de modificações já criadas para um jogo que afinal ainda está em beta.

 

"Minecraft" não é um jogo com um perfil que vai apelar a todos e quem aprecia uma experiência mais direcionada pode ficar entediado depois de algumas horas cavoucando. Mas é um game pelo qual vale a pena enfrentar a estranheza inicial, pois se você se converter ao seu estilo, à comunidade, ao apelo a criar e brincar, ele pode proporcionar uma experiência de rara imersão. "Minecraft" é uma prova de como os jogos são ainda uma mídia em sua infância e um território virgem para a criatividade tanto de desenvolvedores que escolhem sair dos padrões quanto jogadores dispostos a dar-lhes essa chance. E também uma prova de como a partir da mais simples das ideias mundos inteiros podem ser construídos.

 

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A timeline mais idiota da WC.

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