Texto mto engraÃÆ’ÂÂ§ado vale a pena ler

**akro** · 19 de Maio 2006

Texto mto engraÃƒÆ’Ã‚Â§ado vale a pena ler

O Filho Da Puta

Estava sentado no meu escritÃÆ’ÂÂ³rio quando lembrei de uma chamada

telefÃÆ’Â´nica que tinha que fazer. Encontrei o nÃÆ’ÂÂºmero e disquei.

Atendeu-me um cara mal humorado dizendo:

- Fale!!!

- Bom dia. Poderia falar com AndrÃÆ’ÂÂ©a?

O cara do outro lado resmungou algo que nÃÆ’ÂÂ£o entendi e desligou na minha

cara. NÃÆ’ÂÂ£o podia acreditar que existia alguÃÆ’ÂÂ©m tÃÆ’ÂÂ£o grosso.

Depois disso, procurei na minha agenda o nÃÆ’ÂÂºmero correto da AndrÃÆ’ÂÂ©a e

liguei. O problema era que eu tinha invertido os dois ÃÆ’ÂÂºltimos dÃÆ’ÂÂgitos do

seu nÃÆ’ÂÂºmero. Depois de falar com a AndrÃÆ’ÂÂ©a, observei o nÃÆ’ÂÂºmero errado ainda

anotado sobre a minha mesa. Decidi ligar de novo. Quando a mesma pessoa

atendeu, falei:

- VocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um Filho da puta!!!

Desliguei imediatamente e anotei ao lado do nÃÆ’ÂÂºmero a expressÃÆ’ÂÂ£o "Filho Da

puta" e deixei o papel sobre a minha agenda. Assim, quando estava

nervoso com alguÃÆ’ÂÂ©m, ou em um mau momento do dia, ligava pra ele, e

quando atendia, lhe dizia "VocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um Filho da puta" e desligava sem

esperar resposta.

Isto me fazia sentir realmente muito melhor. Ocorre que a Telepar

introduziu o novo serviÃÆ’ÂÂ§o "bina" de identificaÃÆ’ÂÂ§ÃÆ’ÂÂ£o de chamadas, que me

deixou preocupado e triste porque teria que deixar de ligar para o

"Filho da puta".

EntÃÆ’ÂÂ£o, tive uma idÃÆ’ÂÂ©ia: disquei o seu nÃÆ’ÂÂºmero de telefone, ouvi a sua voz

dizendo "AlÃÆ’Â´ " e mudei de identidade:

- Boa tarde, estou ligando da ÃÆ’ÂÂ¡rea de vendas da Telepar, para saber se o

senhor conhece o nosso serviÃÆ’ÂÂ§o de identificador de chamadas "bina".

- NÃÆ’ÂÂ£o estou interessado! - disse ele, e desligou na minha cara.

O cara era mesmo mal-educado. Rapidamente, disquei novamente:

- AlÃÆ’Â´?

- ÃÆ’ââ‚¬Â° por isso que vocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um Filho da puta!!! - e desliguei.

Aqui vale atÃÆ’ÂÂ© uma sugestÃÆ’ÂÂ£o: se existe algo que realmente estÃÆ’ÂÂ¡ lhe

incomodando, vocÃÆ’ÂÂª sempre pode fazer alguma coisa para se sentir melhor:

simplesmente disque 0xx41-7643.6732 ou o nÃÆ’ÂÂºmero de algum outro Filho da

puta que vocÃÆ’ÂÂª conheÃÆ’ÂÂ§a, e diga para ele o que ele realmente ÃÆ’ÂÂ©.

Acontece que eu fui atÃÆ’ÂÂ© o shopping, no centro da cidade, comprar umas

camisas. Uma senhora estava demorando muito tempo para tirar o carro de

uma vaga no estacionamento. Cheguei a pensar que nunca fosse sair.

Finalmente seu carro comeÃÆ’ÂÂ§ou a mover-se e a sair lentamente do seu

espaÃÆ’ÂÂ§o. Dadas ÃÆ’ÂÂ s circunstÃÆ’ÂÂ¢ncias, decidi retroceder meu carro um pouco

para dar ÃÆ’ÂÂ senhora todo o espaÃÆ’ÂÂ§o que fosse necessÃÆ’ÂÂ¡rio: "Grande!" pensei,

"finalmente vai embora".

Imediatamente, apareceu um Vectra preto vindo do outro lado do

estacionamento e entrou de frente na vaga da senhora que eu estava

esperando. Comecei a tocar a buzina e a gritar:

- Ei, amigo. NÃÆ’ÂÂ£o pode fazer isso! Eu estava aqui primeiro!

O fulano do Vectra simplesmente desceu do carro, fechou a porta, ativou

o alarme e caminhou no sentido do shopping, ignorando a minha presenÃÆ’ÂÂ§a,

como se nÃÆ’ÂÂ£o estivesse ouvindo. Diante da sua atitude, pensei: "esse cara

ÃÆ’ÂÂ© um grande Filho da puta! Com toda certeza tem uma grande quantidade de

Filhos da puta neste mundo!". Foi aÃÆ’ÂÂ que percebi que o cara tinha um

aviso de "VENDE-SE" no vidro do Vectra. EntÃÆ’ÂÂ£o, anotei o seu nÃÆ’ÂÂºmero

telefÃÆ’Â´nico e procurei outra vaga para estacionar.

Depois de alguns dias, estava sentado no meu escritÃÆ’ÂÂ³rio e acabara de

desligar o telefone - apÃÆ’ÂÂ³s ter discado o 0xx41-7643.6732 do meu velho

amigo e dizer "VocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um Filho da puta" (agora jÃÆ’ÂÂ¡ ÃÆ’ÂÂ© muito fÃÆ’ÂÂ¡cil discar

pois tenho o seu nÃÆ’ÂÂºmero na memÃÆ’ÂÂ³ria do telefone), quando vi o nÃÆ’ÂÂºmero que

havia anotado do cara do Vectra preto e pensei: "Deveria ligar para esse

cara tambÃÆ’ÂÂ©m".

E foi o que fiz. Depois de um par de toques alguÃÆ’ÂÂ©m atendeu:

- AlÃÆ’Â´.

- Falo com o senhor que estÃÆ’ÂÂ¡ vendendo um Vectra preto?

- Sim, ÃÆ’ÂÂ© ele.

- Poderia me dizer onde posso ver o carro?

- Sim, eu moro na Rua XV, nÃâ€šÂÂ° 527. ÃÆ’ââ‚¬Â° uma casa amarela e o Vectra estÃÆ’ÂÂ¡

estacionado na frente.

- Qual e o seu nome?

- Meu nome e Eduardo Cerqueira Marques - diz o cara.

- Qual a hora ÃÆ’ÂÂ© mais apropriada para encontrar com vocÃÆ’ÂÂª, Eduardo?

- Pode me encontrar em casa ÃÆ’ÂÂ noite e nos finais de semana.

- ÃÆ’ââ‚¬Â° o seguinte Eduardo, posso te dizer uma coisa?

- Sim.

- Eduardo, vocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um grande Filho da puta!!! - e desliguei o telefone.

Depois de desligar, coloquei o nÃÆ’ÂÂºmero do telefone do Eduardo (que

parecia nÃÆ’ÂÂ£o ter "bina", pois nÃÆ’ÂÂ£o fui importunado depois que falei com

ele) na memÃÆ’ÂÂ³ria do meu telefone. Agora eu tinha um problema: eram dois

"Filhos da puta" para ligar.

ApÃÆ’ÂÂ³s algumas ligaÃÆ’ÂÂ§ÃÆ’ÂÂµes ao par de "Filhos da puta" e desligar-lhes, a

coisa nÃÆ’ÂÂ£o era tÃÆ’ÂÂ£o divertida como antes. Este problema me parecia muito

sÃÆ’ÂÂ©rio e pensei em uma soluÃÆ’ÂÂ§ÃÆ’ÂÂ£o: em primeiro lugar, liguei para o "Filho

da puta 1". O cara, mal-educado como sempre, atendeu:

- AlÃÆ’Â´ - e entÃÆ’ÂÂ£o falei:

- VocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um Filho da puta - mas desta vez nÃÆ’ÂÂ£o desliguei.

O "Filho da puta 1" diz:

- Ainda estÃÆ’ÂÂ¡ aÃÆ’ÂÂ, desgraÃÆ’ÂÂ§ado?

- Siiimmmmmmmm, amorrrrrr!!! - respondi rindo.

- Pare de me ligar, seu filho da mÃÆ’ÂÂ£e - disse ele, irritadÃÆ’ÂÂssimo.

- NÃÆ’ÂÂ£o paro nÃÆ’ÂÂ£ÃÆ’ÂÂ£ÃÆ’ÂÂ£o, Filho da putinha querido!!!

- Qual ÃÆ’ÂÂ© o teu nome, lazarento? - berrou ele, descontrolado!

Eu, com voz sÃÆ’ÂÂ©ria de quem tambÃÆ’ÂÂ©m estÃÆ’ÂÂ¡ bravo, respondi:

- Meu nome ÃÆ’ÂÂ© Eduardo Cerqueira Marques, seu Filho da Puta. PorquÃÆ’ÂÂª???

- Onde vocÃÆ’ÂÂª mora, que eu vou aÃÆ’ÂÂ te pegar, desgraÃÆ’ÂÂ§ado? - gritou ele.

- VocÃÆ’ÂÂª acha que eu tenho medo de um Filho da puta? Eu moro na Rua XV,

nÃâ€šÂÂ°527, em uma casa amarela, e o meu Vectra preto estÃÆ’ÂÂ¡ estacionado na

frente. Seu palhaÃÆ’ÂÂ§o filho da puta. E agora, vai fazer o quÃÆ’ÂÂª???? - gritei

eu.

- Eu vou atÃÆ’ÂÂ© aÃÆ’ÂÂ agora mesmo, cara. ÃÆ’ââ‚¬Â° bom que comece a rezar, porque vocÃÆ’ÂÂª

jÃÆ’ÂÂ¡ era. - rosnou ele.

- Uuiii! ÃÆ’ââ‚¬Â° mesmo? Que medo me dÃÆ’ÂÂ¡, Filho da puta. VocÃÆ’ÂÂª ÃÆ’ÂÂ© um bosta! E eu

estou na porta da minha casa te esperando!!! - e desliguei o telefone na

cara dele.

Imediatamente liguei para o "Filho da puta 2".

- AlÃÆ’Â´ - diz ele.

- OlÃÆ’ÂÂ¡, grande Filho da puta!!! - falei.

- Cara, se eu te encontrar vou...

- Vai o quÃÆ’ÂÂª? O que vocÃÆ’ÂÂª vai fazer??? Seu Filho da puta!

- Vou chutar a sua boca atÃÆ’ÂÂ© nÃÆ’ÂÂ£o ficar nenhum dente, cara!!!

- Acha que eu tenho medo de vocÃÆ’ÂÂª, Filho da puta? Vou te dar uma grande

oportunidade de tentar chutar minha boca, pois estou indo para tua casa,

seu Filho da puta!!! E depois de arrebentar sua cara, vou quebrar todos

os vidros desta porcaria de Vectra que vocÃÆ’ÂÂª tem. E reze pra eu nÃÆ’ÂÂ£o botar

fogo nessa casa amarelinha de bicha. Se for homem, me espera na porta em

5 minutos, seu Filho da puta!!! - e bati o telefone no gancho.

Logo, fiz outra ligaÃÆ’ÂÂ§ÃÆ’ÂÂ£o, desta vez para a polÃÆ’ÂÂcia. Usando uma voz

afetada e chorosa, falei que estava na Rua XV, nÃâ€šÂÂ° 527, e que ia matar o

meu namorado homossexual assim que ele chegasse em casa.

Finalmente peguei o telefone e liguei o programa da CNT "Cadeia" do

Alborguetti, para reportar que ia comeÃÆ’ÂÂ§ar uma briga de um marido que ia

voltando mais cedo para casa para pegar o amante da mulher que morava na

Rua XV, nÃâ€šÂÂ° 527. Depois de fazer isto, peguei o meu carro e fui para Rua

XV, nÃâ€šÂÂ° 527, para ver o espetÃÆ’ÂÂ¡culo.

Foi demais, observar um par de "Filhos da puta" chutando-se na frente de

da polÃÆ’ÂÂcia, levando os dois algemados e arrebentados para a delegacia.

Moral da histÃÆ’ÂÂ³ria? - NÃÆ’ÂÂ£o tem moral nenhuma! Foi de sacanagem mesmo...

E vÃÆ’ÂÂª se atende o telefone educadamente, pois posso ser eu ligando para

vocÃÆ’ÂÂª por engano...

Ninguem gostou nÃÆ’ÂÂ£o?

**STR.NEON~** · 19 de Maio 2006