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EUA: prefeitos fazem esquisitices por banda larga do Google


Haseo
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Prefeito Don Ness (dir.) sai das águas geladas do Lago Superior em Duluth, Minnesota

 

O prefeito de Duluth, em Minnesota, se lançou nas águas geladas do Lago Superior. O prefeito de Sarasota, na Flórida, entrou em um tanque repleto de tubarões, só para superar o rival. O prefeito de Wilmington, na Carolina do Norte, disse que até pularia de um avião - usando paraquedas, claro.

 

 

Eles não estão disputando a atenção dos eleitores, mas a do Google. A empresa tem planos de construir - gratuitamente - uma rede de banda larga de altíssima velocidade que atenda entre 50 mil e 500 mil usuários, em uma ou mais cidades dos Estados Unidos.

 

E a oferta é irresistível para políticos, líderes cívicos e promotores do desenvolvimento econômico em todo o país. Os Estados Unidos estão atrás da maioria das nações industrializadas no que tange ao acesso de alta velocidade à internet. Mesmo que o governo Obama tenha revelado na semana passada um plano que permitiria recuperar esse atraso, é bem provável que as medidas terminem por se emaranhar em disputas legislativas por um bom tempo.

 

Enquanto isso, a oferta do Google de uma rede com velocidades de um gigabit por segundo, ou 100 vezes mais que as conexões de alta velocidade hoje disponíveis, pode ser uma grande vantagem para uma cidade prejudicada pela recessão.

 

Centenas de cidades dos Estados Unidos devem se candidatar antes do final do prazo definido pela empresa, na sexta-feira, e os dirigentes municipais vêm empregando qualquer truque para propiciar destaque às suas propostas. Para aqueles que conseguirem montar uma proposta de sucesso, isso pode propiciar um caminho rápido à reeleição.

 

Cidade se chama Google por um mês

Assim, não é surpreender que Bill Bunten, prefeito de Topeka, no Kansas, tenha lançado uma proclamação que, por todo o mês de março, mudou o nome de sua cidade para Google.

 

Em resposta, Duluth gravou uma falsa entrevista coletiva na qual as autoridades anunciavam que todos os meninos nascidos na cidade levariam o nome de Google Fiber. A cidade pediu ajuda ao senador federal Al Franken, um veterano do mundo da comédia, e ele produziu um vídeo divertido em apoio à candidatura.

 

Para manter sua cidade na disputa, uma empresa de laticínios em Madison, no Wisconsin, criou um sabor de sorvete Google Fiber - baunilha, granola e chocolates M&M formando o colorido logotipo da empresa.

 

Em Palo Alto, na Califórnia, funcionários da prefeitura dançaram do lado de fora da sede do governo ao com de YMCA, o velho hit da era da disco music, sob uma faixa que dizia "Palo Alto pelo Google Fiber".

 

E Nevada City, uma pequena cidade californiana no sopé da Sierra Nevada, organizou uma festa e parada em 14 de março. O evento começou com uma imagem estranha: um grupo de homens com cara de alternativos e tocando tambores africanos, em um esforço para tornar sua cidade mais visível aos olhos de uma das mais conhecidas empresas dos Estados Unidos.

 

"Nós tocamos nossos tambores por meia hora para convocar toda a tribo", disse John Paul, co-proprietário de um pequeno provedor de acesso à internet em Nevada City e organizador da candidatura local. Depois de tentar sem sucesso obter verbas federais a fim de melhorar a infraestrutura local de banda larga, Nevada City vê no convite do Google uma segunda oportunidade, de acordo com Paul.

 

Até o momento, nenhum prefeito arriscou a vida ou ferimentos sérios em suas brincadeiras. "Eles parecem bem ferozes, mas na verdade são animais dóceis", disse Richard Clapp, prefeito de Sarasota, sobre os tubarões que ocupavam o tanque em que ele entrou. Os animais se alimentam de pequenos crustáceos e peixes, e não de políticos.

 

Os provedores existentes de acesso à internet, que enfrentam a dispendiosa tarefa de propiciar acesso a milhões de domicílios, e não apenas a alguns milhares, classificaram o esforço do Google como golpe de propaganda que pouco fará por promover o avanço da banda larga nos Estados Unidos. Eles estão céticos quanto à persistência da boa vontade gerada pela campanha.

 

"O Google vai lamentar o dia em que não se provar capaz de atender às expectativas nada realistas que está despertando", disse Scott Cleland, presidente da NetCompetition.org, uma organização que representa muitas empresas de telecomunicações e associações setoriais que as congregam. "A coisa interessante vai ser observar a reação das cidades que forem deixadas no altar".

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