Ir para conteúdo
Faça parte da equipe! (2024) ×
Conheça nossa Beta Zone! Novas áreas a caminho! ×
  • Quem está por aqui   0 membros estão online

    • Nenhum usuário registrado visualizando esta página.

Qual seu poema preferido ?


'php
 Compartilhar

Posts Recomendados

A partir de poema de um recém-aprovado

candidato ao serviço público, em luto

pela morte de sua mulher

 

Aos imortais perdem-se as coisas deste mundo

Outonos passam como apenas um momento

Fica às cobertas o calor do amor recente

Do papagaio à jaula o eco ainda circunda

O orvalho cobre as flores, rostos que se velam

O vento verga em sobrancelhas os chorões

Nuvens dissipam-se entre cores, tornam à sombra

Pan Yue1 lamenta e seu cabelo acolhe a neve

 

.

1 Pan Yue (247-300) foi um poeta da Dinastia Jin (265-316, Jin do

Oeste) famoso por sua beleza e pela poesia de luto e melancolia.

Seus “Três poemas para minha esposa morta” são particularmente

aclamados. Sobre ele se diz que, quando da morte da esposa, seu

cabelo tornou-se branco da noite para o dia. Sua história pessoal é

associada ao amor inconsolável diante da morte e entregue a um luto

infindável – em Yu Xuanji, há um sentido de entrada na imortalidade

pelo luto, que projetaria o amor para além “desta” vida.

www.twitch.tv/hecareca
 
Erwin Smith
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Nao sou de ler muito poesia, mas eu gosto muito dessas duas:

 

De tanto ver triunfar as nulidades,

De tanto ver prosperar a desonra

De tanto ver crescer a injustiça,

De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus

O homem chega a desanimar da virtude,

A rir-se da honra,

A ter vergonha de ser honesto.

Ruy Barbosa

 

 

 

Aos meus amigos, que possam crescer e envelhecer sem deixarem de ser, eternas crianças.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,

Mas lutam para que a fantasia não desapareça.

 

Não quero amigos adultos, nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice.

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto,

E velhos, para que nunca tenham pressa.

 

Tenho amigos para saber quem eu sou,

Pois vendo-os loucos e santos,

Bobos e sérios, crianças e velhos,

Nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão i.mbecil e estéril

Fernando Pessoa

tumblr_nh3x0vS7pE1s8gsn8o1_500.gif

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

 

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

 

...

 

Gonçalves Dias.

CeuklJ8.png
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Cara eu gosto dos Românticos e Ultra-Românticos...agora de citar e tal não faço ideia.

O único livro de poesia que li na vida se chama As Flores do Mal, e ele tem dois poemas...engraçados.

 

AS LITANIAS DE SATÃ

Ó tu, o Anjo mais belo e o mais sábio Senhor,

Deus que a sorte traiu e privou do louvor,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que és o condenado, ó Príncipe do Exílio,

E que, vencido, sempre emerges com mais brilho,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, sábio e grande rei do abismo mais profundo,

Médico familiar dos males deste mundo,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, cujas graças ao leproso e ao paria cedem

Com a lição do amor o próprio gosto do Éden,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Ó tu, o que da Morte, a tua velha amante,

Engendraste a Esperança - a louca fascinante!

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que dás ao proscrito a fronte soberana,

Que em torno de uma forca um povo inteiro dana,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que bem sabes onde, nas terras mais zelosas,

Cioso Deus guardou as pedras mais preciosas,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, cujo olhar conhece os fundos arsenais,

Em que dorme sepulto o povo dos metais,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Ao sonâmbulo a errar à borda de edifícios,

Tu, cuja larga mão esconde os precipícios

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que magicamente abranda ossos ralos,

Do ébrio retardatário a quem pisam cavalos,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que ao homem - nas mãos da desventura um títere -

Ensinaste a juntar enxofre com salitre,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu que impões tua marca, ó cúmplice sutil,

Sobre a fronte de Creso, que é impiedoso e vil,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Tu, que na alma e no olhar destas mulheres pões,

O culto da ferida e o amor dos farrapões,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Do exilado bastão, lâmpada do inventor,

Confessor do enforcado e do conspirador,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

Pai adotivo dos que, em sua ira sombria,

Deus Pai pode expulsar do paraíso um dia,

Tem piedade, Satã, desta longa miséria!

 

ORAÇÃO

Glória e louvou a ti, Satã, pelas alturas

Do Céu em que reinaste, e nas furnas obscuras

Do Inferno em que vencido és sonho e sonolência!

Faze que esta alma um dia, à árvore da Ciência,

Repouse junto a ti, quando em tua cabeça,

Tal qual um templo novo os seus ramos floresça!

Foi complicado achar isso aí no pdf, dei um Ctrl+F Satã pra ver se facilitava a busca...mas o cara fala tanto de Satã no livro que nem adiantou.

Sei lá...tem que ler isso sem imaginar que Satã é o deabão...pra poder entender.

Esse livro é meio bizarro, eu sou uma pessoa sensível e não li ele inteiro não kk'.

zeDXOHb.jpg

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Ah, que poemas fofos, rs. Eu gosto de artilharia pesada.

Brincadeira.

 

Falando sério, meu poema predileto é The Raven, do mestre Edgar Allan Poe.

 

Colocarei o texto, mas, para uma experiência melhor, ouçam o vídeo.

 

The Raven

 

Once upon a midnight dreary, while I pondered weak and weary,

Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,

While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,

As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.

`'Tis some visitor,' I muttered, `tapping at my chamber door -

Only this, and nothing more.'

 

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,

And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.

Eagerly I wished the morrow; - vainly I had sought to borrow

From my books surcease of sorrow - sorrow for the lost Lenore -

For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore -

Nameless here for evermore.

 

And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain

Thrilled me - filled me with fantastic terrors never felt before;

So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating

`'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door -

Some late visitor entreating entrance at my chamber door; -

This it is, and nothing more,'

 

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,

`Sir,' said I, `or Madam, truly your forgiveness I implore;

But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,

And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,

That I scarce was sure I heard you' - here I opened wide the door; -

Darkness there, and nothing more.

 

Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,

Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;

But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,

And the only word there spoken was the whispered word, `Lenore!'

This I whispered, and an echo murmured back the word, `Lenore!'

Merely this and nothing more.

 

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,

Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.

`Surely,' said I, `surely that is something at my window lattice;

Let me see then, what thereat is, and this mystery explore -

Let my heart be still a moment and this mystery explore; -

'Tis the wind and nothing more!'

 

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,

In there stepped a stately raven of the saintly days of yore.

Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;

But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door -

Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door -

Perched, and sat, and nothing more.

 

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,

By the grave and stern decorum of the countenance it wore,

`Though thy crest be shorn and shaven, thou,' I said, `art sure no craven.

Ghastly grim and ancient raven wandering from the nightly shore -

Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!'

Quoth the raven, `Nevermore.'

 

Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,

Though its answer little meaning - little relevancy bore;

For we cannot help agreeing that no living human being

Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door -

Bird or beast above the sculptured bust above his chamber door,

With such name as `Nevermore.'

 

But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only,

That one word, as if his soul in that one word he did outpour.

Nothing further then he uttered - not a feather then he fluttered -

Till I scarcely more than muttered `Other friends have flown before -

On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before.'

Then the bird said, `Nevermore.'

 

Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,

`Doubtless,' said I, `what it utters is its only stock and store,

Caught from some unhappy master whom unmerciful disaster

Followed fast and followed faster till his songs one burden bore -

Till the dirges of his hope that melancholy burden bore

Of "Never-nevermore."'

 

But the raven still beguiling all my sad soul into smiling,

Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;

Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking

Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore -

What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore

Meant in croaking `Nevermore.'

 

This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing

To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;

This and more I sat divining, with my head at ease reclining

On the cushion's velvet lining that the lamp-light gloated o'er,

But whose velvet violet lining with the lamp-light gloating o'er,

She shall press, ah, nevermore!

 

Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer

Swung by Seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.

`Wretch,' I cried, `thy God hath lent thee - by these angels he has sent thee

Respite - respite and nepenthe from thy memories of Lenore!

Quaff, oh quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!'

Quoth the raven, `Nevermore.'

 

`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil! -

Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,

Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted -

On this home by horror haunted - tell me truly, I implore -

Is there - is there balm in Gilead? - tell me - tell me, I implore!'

Quoth the raven, `Nevermore.'

 

`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil!

By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -

Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,

It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore -

Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels name Lenore?'

Quoth the raven, `Nevermore.'

 

`Be that word our sign of parting, bird or fiend!' I shrieked upstarting -

`Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!

Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!

Leave my loneliness unbroken! - quit the bust above my door!

Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!'

Quoth the raven, `Nevermore.'

 

And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting

On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;

And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,

And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;

And my soul from out that shadow that lies floating on the floor

Shall be lifted - nevermore!

 

Lindo demais e sim... enorme. Acho a tradução bem fraca, afinal, a musicalidade foi feita para o idioma inglês.

 

Agora o vídeo:

 

[video=youtube;WcqPQXqQXzI]

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Puxa.. Isso é bem difícil, porque eu gosto de muitos, mas vou mandar só alguns.. rs

 

Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes

 

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure

Motivo, Cecília Meireles

 

 

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

 

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

 

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

 

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

 

 

Pus o meu sonho num navio, Cecília Meireles

 

 

Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

depois abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre dos meus dedos

colore as areias desertas

O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.

 

 

O pássaro azul, Charles Bukowski

 

 

há um pássaro azul em meu peito

que quer sair

mas sou duro demais com ele,

eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja.

há um pássaro azul em meu peito que

quer sair

mas eu despejo uísque sobre ele e inalo

fumaça de cigarro

e as putas e os atendentes dos bares

e das mercearias

nunca saberão que

ele está

lá dentro.

há um pássaro azul em meu peito

que quer sair

mas sou duro demais com ele,

eu digo,

fique aí,

quer acabar comigo?

(…) há um pássaro azul em meu peito que

quer sair

mas sou bastante esperto, deixo que ele saia

somente em algumas noites

quando todos estão dormindo.

eu digo: sei que você está aí,

então não fique triste.

depois, o coloco de volta em seu lugar,

mas ele ainda canta um pouquinho

lá dentro, não deixo que morra

completamente

e nós dormimos juntos

assim

como nosso pacto secreto

e isto é bom o suficiente para

fazer um homem

chorar,

mas eu não choro,

e você ?

 

 

Mulheres são como maças, Machado de Assis

 

 

As melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos,

mulheres são como maçãs em árvores.

As melhores estão no topo,

os homens não querem alcançar essas boas,

porque eles têm medo de cair e se machucar.

Preferem pegar as maçãs mais podres que ficam no chão,

que não são boas como as do topo,

mas são fáceis de se conseguir.

Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade,

ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar...

Aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.

 

Autopsicografia, Fernando Pessoa

 

 

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

 

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

 

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

 

 

Amigos loucos e sérios, Fernando Pessoa

 

 

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.

Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice.

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão e estéril.

 

 

Presságio, Fernando Pessoa

 

 

O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.

Sabe bem olhar pra ela,

Mas não lhe sabe falar.

 

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.

Fala: parece que mente…

Cala: parece esquecer…

 

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,

E se um olhar lhe bastasse

Pra saber que a estão a amar!

 

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente

Fica sem alma nem fala,

Fica só, inteiramente!

 

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar…

 

 

Os Poemas, Mario Quintana

 

 

Os poemas são pássaros que chegam

não se sabe de onde e pousam

no livro que lês.

 

Quando fechas o livro, eles alçam voo

como de um alçapão.

Eles não têm pouso

nem porto

alimentam-se um instante em cada par de mãos

e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,

no maravilhado espanto de saberes

que o alimento deles já estava em ti…

 

Carlos Drummond de Andrade, trecho

 

[...]

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

 

 

Não deixe o amor passar - Carlos Drummond de Andrade

(essa é a minha preferida de todas)

 

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer

seu coração parar de funcionar por alguns segundos,

preste atenção: pode ser a pessoa

mais importante da sua vida.

 

Se os olhares se cruzarem e neste momento,

houver o mesmo brilho intenso entre eles,

fique alerta: pode ser a pessoa que você está

esperando desde o dia em que nasceu.

 

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo

for apaixonante,e os olhos se encherem

d'água neste momento, perceba

existe algo mágico entre vocês.

 

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia

for essa pessoa, se a vontade de ficar

juntos chegar a apertar o coração, agradeça:

Algo do céu te mandou

um presente divino: o Amor

 

Se um dia tiverem que pedir perdão um

ao outro por algum motivo e, em troca,

receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos

e os gestos valerem mais que mil palavras,

entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

 

Se por algum motivo você estiver triste,

se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa

sofrer o seu sofrimento, chorar as suas

lágrimas e enxugá-las com ternura, que

coisa maravilhosa: você poderá contar

com ela em qualquer momento de sua vida.

 

Se você conseguir, em pensamento, sentir

o cheiro da pessoa como

se ela estivesse ali do seu lado...

 

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,

mesmo ela estando de pijamas velhos,

chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

 

Se você não consegue trabalhar o dia todo,

ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

 

Se você não consegue imaginar, de maneira

nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

 

Se você tiver a certeza que vai ver a outra

envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção

que vai continuar sendo louco por ela...

 

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver

a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

 

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes

na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

 

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção

nesses sinais, deixam o amor passar,

sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

 

É o livre arbítrio.Por isso, preste atenção nos sinais.

Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem

cego para a melhor coisa da vida: o Amor!!

As cartas de Abelardo e Heloísa, gosto muito.. vou postar uma só

 

DE HELOÍSA A ABELARDO

 

Nunca, dizes, te afastarás de mim,mas, mesmo assim, me deixaste.

Meu pensamento se consome em chamas,

minha lucidez me falta neste momento de vertigem.

Somos seres absolutos, em absoluta transgressão,

servos e santos, blasfemos e hipócritas.

Ó geração de enfermos!

Ó vida! O que nos deste, nos tiraste!

Restou tão pouco de nós sobre este estreito leito.

Ó dor maior que o mundo!

Ó planger de horas que não bastam!

Choram os filhos sem suas mães.

Choram os amantes sem o seu amor.

 

 

 

Estrela da Estepe,

(não é de de nenhum autor conhecido. Mas é bem especial pois foi presente. rs)

 

 

Tão cruel essa solidão...

Perdida numa distância que é pra mais de milhão

Nem hoje, nem nem nunca nenhum errante veio em minha direção

 

Por isso pisquei pra ti..

Pra ver se me notava, pra ver se me fitava

Pra ver se a solidão se acabava

E você astro tão linda

Finalmente me orbitava

 

Com amor, Estrela da Estepe

 

 

Outro que gosto muito é O Corvo, Edgar Allan Poe, mas é maiorzinho e não irei postar aqui

 

Beleza atrai beleza.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Velha Guarda Ex-Staffer

A semana começou

E eu fiquei chateado

Mas agora me lembrei

Que terça feira é feriado.

 

Asa de u r u b u

Pena de Galinha

Se quiser ficar comigo

De uma risadinha

F2UgKsw.png
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

 

Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

 

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se e contente;

É um cuidar que ganha em se perder;

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

 

 

 

Como pode ser gostar de alguém

E esse tal alguém não ser seu

Fico desejando nós, gastando o mar

Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

 

Peço tanto a D'us

Para lhe esquecer

Mas só de pedir me lembro

Minha linda flor

Meu jasmim será

Meus melhores beijos serão seus

 

Sinto que você é ligado a mim

Sempre que estou indo, volto atrás

Estou entregue a ponto de estar sempre só

Esperando um sim ou nunca mais

 

É tanta graça lá fora passa

O tempo sem você

Mas pode sim

Ser sim amado e tudo acontecer

 

Sinto absoluto o dom de existir

Não há solidão, nem pena

Nessa doação, milagres do amor

Sinto uma extensão divina

 

É tanta graça lá fora passa

O tempo sem você

Mas pode sim

Ser sim amado e tudo acontecer

Quero dançar com você

Dançar com você

Quero dançar com você

Dançar com você

 

Assinatura-Goldens-novas-asas_zps7f1ca424.png

"Rerum cognoscere causas."

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Este tópico está impedido de receber novos posts.
 Compartilhar

×
×
  • Criar Novo...

Informação Importante

Nós fazemos uso de cookies no seu dispositivo para ajudar a tornar este site melhor. Você pode ajustar suas configurações de cookies , caso contrário, vamos supor que você está bem para continuar.