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Capítulo I – O prefácio de uma triste alma


lucastor520
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Capítulo I – O prefácio de uma triste alma

 

 

 

No Continente de Xênia, existe uma vila criada há muitos anos atrás na qual se acredita que sempre foi protegida pelos poderes divinos dos deuses. Ela foi formada após a imigração de um pequeno povoado do Continente de Vermecia de sua terra natal, em busca de um local com melhores condições, a sua dita “Terra Prometida”. Depois de um triste e duradouro episódio em que várias pessoas morreram em meio ao caminho, de crianças até os mais idosos, enfim, encontraram em um distante continente que batizaram de Xênia, o Deus da Nova Terra, um local habitável e que serviria de moradia para as futuras gerações. A partir daí, foram firmados as primeiras tendas e o Templo Sagrado, onde os moradores agradeciam e traziam suas oferendas todos os dias. Apesar de ser um local rodeado por terras perigosas e povoadas por monstros temíveis, os moradores afirmam que estão seguros graças à benção divina concedida desde a fundação do povoado e mantida pelos votos de gratidão, as oferendas e cultos feitos no Templo.

E assim a vila conhecida como Altegria cresceu e manteve-se erguida através dos séculos. Nada de mal poderia lhes acontecer, pois eram o povo escolhido pelos deuses, os altegrianos.

Mas infelizmente aconteceu. Não ao vilarejo, mas a uma garota inocente cujo sua vida seria marcada para sempre.

- Nasceu! Ela nasceu!

Seu pai sai correndo pelas ruas com muita euforia contando a todos as boas novas. A notícia chega aos ouvidos de todos da vila em poucas horas. Muitos deles passaram na casa dos pais para parabenizá-los e ver o rosto do bebê: era um rosto encolhido, porém angelical e tão alvo quanto as nuvens.

Como tradição, todos os bebês da vila são batizados ao pé do altar do Templo Sagrado. Os pais da criança, que eram bastante devotos aos deuses tanto quanto o resto dos moradores, obedeceram e levaram o recém-nascido para o batismo.

- Qual o nome desta adorável menina? - perguntou o alto sacerdote do Templo.

- Nina, senhor - responde carinhosamente a mãe.

- Nina! Um belo nome para uma benção viva concedida pelos deuses!

O sacerdote, em um gesto habitual, molhou um algodão em um cálice com água, pegou a menina nos braços e com uma mão molhou a testa da Nina, ligeiramente.

- Em nome dos deuses eternos, eu abençôo esta menina e...

O cálice que o sacerdote usara para molhar o algodão explode repentinamente. Todos no recinto, incluído os familiares e amigos que acompanhavam a cerimônia, pularam de susto com o que aconteceu.

- Ah..., err. Esse cálice devia ter algum problema... – respondeu, mesmo com falta de argumentos. - Enfim, vamos continuar.

Depois do ocorrido, o sacerdote nem sequer olhava para a Nina. Parecia, de vista, que estava tentando evitar o simples olhar na garota. Terminou rápido o batismo e se enfurnou na sua sala sem dar muitos comentários.

- Ah, aquilo com certeza não é um bom sinal! Será que os deuses estão querendo nos dizer algo de ruim sobre a criança? Eu preciso vigiá-la antes que algo inesperado aconteça... – murmurou para si mesmo.

 

***

 

Anos após seu nascimento, Nina cresce como uma criança normal. Apesar de ser quieta, introvertida, possuir poucos amigos e uma impopularidade entre as crianças do seu vilarejo, ela era uma menina saudável e bonita, amada pelos seus pais e principalmente devota aos deuses. Ela desejava ser missionária de sua vila desde pequena para levar a mensagem divina a outras pessoas, para a alegria de seus entes queridos.

Mas alguns fatos estranhos começaram a se entrelaçar com a vida da garota. Após seus sete anos, ela explodia copos e pratos que tocava ou que simplesmente via a sua frente. Aos oito fazia os objetos a sua volta levitarem. Com dez anos conseguia fazer coisas leves levitarem por vontade própria. Em um dia desses Nina foi pega pela sua mãe em flagrante enquanto fazia um copo flutuar sobre a palma da mão.

- Nina! O que é isso? - berrou ela, assombrada com o que via. - Mas que coisa horrível você está fazendo!

- Não, mãe! Isso foi só... Eu não estava... – espantou-se, deixando o copo despencar do ar e estilhaçar-se no chão.

- Nunca mais faça isso, principalmente na frente de outra pessoa! Isso é algo muito errado, bruxaria é a arte de demônios e bruxas! Quer ser presa e açoitada?

- Não...

- Pois bem, não quero ver você aprendendo bruxaria. Nunca mais! - e assim finalizou o assunto.

Infelizmente houve mais um acontecimento estranho e que mudou definitivamente a vida da Nina.

Ela tinha quatorze anos e estava voltando para casa sozinha depois da escola, à tarde. No meio do trajeto deparou-se com um grupinho de garotas da mesma série que ela mais odiava. Implicavam com ela todas as aulas por ser considerada estranha e excluída do resto do mundo.

- Ah, se não é a estranha! - cumprimentou impiedosamente uma menina do bando.

Nina permaneceu em silêncio.

- Que foi? Viu alguma bruxa andando por aí? Ah, tem uma bem na minha frente e eu estou falando com ela agora.

O resto do grupo riu descaradamente. Nina envermelhou-se.

- Parem com isso! Vocês sabem como é horrível chamar alguém disso...?

- Mas nós estamos falando a verdade! Vocês lembram aquele dia que ela foi pegar um livro na prateleira e ela sozinha se partiu ao meio, derrubando todos os livros? Como alguém pode fazer isso? Só você, estranha!

Todos retornaram a gargalhar. Nina deixou escapar algumas lágrimas dos olhos. Não conseguia suportar toda essa falta de respeito com ela mesma, isso tinha de acabar.

- Ei, fale alguma coisa! – Disse, empurrando a Nina para trás.

- PÁRA!

Repentinamente, a menina que empurrou Nina foi jogada para longe por uma força invisível, fazendo-a cair, deixando-a desacordada. Todos em volta olharam boquiabertos da garota imóvel no chão para a Nina, inclusive os moradores que estavam próximos e viram o que acabara de acontecer.

- Bruxa! Assassina! Monstro!

Os que estavam ali começaram a berrar e xingar a menina. Nina desesperou-se e correu para casa em meio ao choro.

Horas depois, na casa dela, Nina ainda não havia parado de chorar. Dissera aos pais que brigara com uma menina na escola. Houve-se batidas na porta da casa e sua mãe atende, voltando depois irritada para Nina, puxando o seu braço com força.

- Nina, eu não acredito! - a mãe dela estava vermelha e descontrolada. - Você usou magia negra contra uma menina?

- Mãe, eu não quis fazer aquilo! Foi involuntário...!

- Não minta pra mim, menina! Magia não é involuntária...

- É verdade, eu não...

- Silêncio! – gritou histericamente. Nina percebeu que uma lágrima escorria dos olhos dela. – V-Você sabia que magia é um crime, Nina. Eu já te alertei algumas vezes. Mas agora é tarde demais, eles querem levar você pro calabouço...

- Não, mãe! Por favor, eu não tive culpa! - grossas lágrimas começaram a cair dos olhos verdes de Nina.

As duas começaram a chorar juntas. Soldados adentraram na casa sem a concessão de ninguém e pegaram a Nina pelos braços, levando-a para fora.

- MÃE, POR FAVOR! ME AJUDA!

Mas a mulher apenas encolheu-se onde estava e chorou desesperada. Ninguém a ajudaria, ninguém mais gostava dela. Passaria o resto da vida na prisão e quem sabe poderia receber até uma sentença de morte.

E assim seguiu sua vida, presa em um cárcere sujo e úmido o dia todo, sem se comunicar com ninguém, comendo apenas uma vez ao dia um pequeno prato de comida que não dava para identificar o que era. Emagrecera tanto que chegavam a aparecer os ossos do corpo, vestia uma roupa remendada e imunda e dormia em uma cama dura de madeira. Tudo isso apenas porque tinha poderes que não sabia controlar e eram considerados errados e abomináveis pelo seu vilarejo. Todos agora a odiavam e isso a fazia sentir uma angústia irritante no fundo do seu coração.

Quase dois meses se passaram quando, enfim, alguém foi pessoalmente abrir a porta de sua prisão para falar com a garota.

- Venha, hoje você receberá a sua sentença final - convocou o soldado que aparecera à porta.

Nina apenas o obedeceu. Não se desesperou, no fundo sentia uma vontade de morrer. Nada mais valia apena para ela, apenas queria que isso acabasse.

No caminho, foi escoltada por três soldados. Percorreram silenciosamente pelo corredor do calabouço, mas, de repente, Nina ouviu uma voz suave de algum lugar.

“Não temas. Tu sobreviverás.”

 

Ela parou ao ouvir a voz e começou a procurar a sua fonte ao seu redor.

- O que houve? Eu não pedi para você parar...!

Mas antes de terminar de falar, uma força invisível atingiu o peito do soldado, lançando-o a metros de distância e logo depois acertou também os outros dois que estavam paralisados com o susto. Nina correu desesperada pelo corredor da masmorra. Não queria ter feito aquilo. E que voz era aquela? Será que só ela ouvira?

Seguiu até o fim para a saída clareada pelo sol, onde havia dois guardas esperando-a.

- Ei, pare aí!

Os soldados tentam desferir um golpe com suas lanças em Nina, mas eles também foram lançados para longe. Ela atravessa o pátio da prisão com a cabeça baixa e coberta pelos braços, como se estivesse protegendo-a, enquanto os guardas que tentavam impedi-la eram jogados pro alto. Quando estava próximo do portão de saída um dos soldados gritou:

- Abaixem o portão! Não a deixem fugir!

Os soldados levantaram o portão rapidamente, porem, quando Nina se aproximou, ele desabou com um estrondo.

- Arqueiros, ataquem!

Várias flechas foram lançadas em direção a garota, mas elas eram repelidas por uma barreira invisível em sua volta.

E assim a garota conseguiu sair da prisão e escapou de sua morte. Fugiu de sua cidade natal e foi morar em outros lugares, sem rumo, sem alguém que pudesse ampará-la.

Em uma de suas caminhadas percorreu um caminho montanhoso, muito frio e gélido. Não tinha mais comida e a água estava se esgotando. Parava de vez em quando em cavernas para se aquecer e dormir. Era um caminho longo e difícil, quase não tinha condições de atravessá-lo.

Mas, quase no final do percurso, em meio a uma forte nevasca, uma avalanche desceu o morro e atingiu-a em cheio, cobrindo-a de neve. Parecia ser o seu fim: ninguém poderia ajudá-la, estava em péssimas condições de saúde e presa em um monte de neve congelante. Mas Nina não contava com um brilho de esperança que estava indo ao seu encontro: o Grand Chase.

 

 

 

Nome: Nina e o Grand Chase

 

Autor: NessBR

 

Gênero: Ação, aventura, drama e comédia.

 

Censura: Livre

 

Sinopse: "Um coração de luz em meio às trevas." Acompanhe a saga desta guerreira que conquistou os corações de muitos jogadores brasileiros de GC.

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